Depois de suportar um ano como 2020, ninguém poderia esperar que Al Jourgensen simplesmente ficasse em silêncio sobre o turbilhão dos últimos 12 meses. Como o cérebro por trás de um dos pioneiros do Metal Industrial, o MINISTRY, Jourgensen passou as últimas quatro décadas usando a música como um megafone para reunir o maior número de pessoas possível para lutar por direitos iguais, restaurando as liberdades americanas, expondo todo tipo de exploração e colocando políticos corruptos em seus devidos lugares. E tudo isso usando como pano de fundo riffs agressivos, vocais escaldantes e sons engenhosamente manipulados.

Enquanto Jourgensen observava o caos que se abateu sobre o mundo durante o auge da pandemia global e as tensões surgidas de uma das eleições mais importantes da história dos EUA, ele aproveitou essa oportunidade para compor, passando a quarentena escondido no seu estúdio Scheisse Dog Studio junto com o engenheiro de som Michael Rozon e sua namorada Liz Walton para criar a mais recente obra do MINISTRY intitulada Moral Hygiene. As 10 faixas do 15º álbum de estúdio cobrem a amplitude dos atuais dilemas que a humanidade enfrenta enquanto ruminam sobre o alto impacto do COVID-19, os efeitos inevitáveis das mudanças climáticas, as consequências de falsas conspirações e as apostas na luta pela igualdade racial. E o mais importante, planteando o que nós, como sociedade, faremos a respeito de tudo isso.

“A única cosa boa em tirar um ano de folga de qualquer atividade social é que você realmente pode se sentar e obter uma visão geral das coisas, em vez de ficar preso naquele momento”, diz Jourgensen, “e o que ficou inevitavelmente claro é que os tempos estão mudando e o ano passado foi um alerta, e isso foi uma coisa muito boa. Porque a sociedade, como a conhecemos nas últimas décadas, precisa mudar”, acrescenta ele. “Desde [o presidente] Reagan e a opulência da Wall Street, nos tornamos muito próximos da crença de que a ganância é algo bom. A sociedade realmente tomou um rumo bem sombrio e agora estamos colhendo os frutos dessa má orientação movida pela ideia de tudo gira em torno de mim e não de outras pessoas, de tomar conta apenas de si mesmo e foda-se tudo o resto. Agora, mais do que nunca, precisamos de Higiene Moral. É por isso que temos que voltar um pouco para trás a fim de aprender a funcionar como espécie humana neste planeta”.

Moral Hygiene é o sucessor do aclamado álbum AmeriKKKant de 2018 (considerado pela revista Loudwire como o “Discurso sobre o estado da união” de Jourgensen) que foi escrito como uma reação à eleição de Donald J. Trump como presidente, embora Jourgensen diga que este novo álbum tem um tom mais informativo e reflexivo. “Com AmeriKKKant eu fiquei em choque com a vitória de Trump. Eu não sabia o que fazer, mas sabia que tinha que fazer algo. Porque eu acredito que se você é um músico ou um artista, você deve expressar o que está acontecendo ao seu redor por meio de sua arte. Isso vai acontecer, você fazendo isso de forma consciente ou inconsciente. Moral Hygiene, no entanto, progrediu ainda mais em uma advertência do que acontecerá se não agirmos. Há menos raiva, mas há mais reflexão e apresento alguns convidados para ajudar a consolidar esta narrativa”.

Além de recrutar seu parceiro de longa data Jello Biafra (com quem Jourgensen forma o projeto chamado Lard) para a grudenta "Sabotage Is Sex”, outras participações especiais incluem o guitarrista Billy Morrison (Billy Idol/Royal Machines) em uma versão de um dos hits do The Stooges “Search & Destroy.”
Há também a faixa “Good Trouble” inspirada na mensagem de ativismo e justiça social no ensaio de John Lewis publicado pelo New York Times após a morte do congressista em julho passado.

“Eu lembro de assistir a cobertura de sua morte e no dia seguinte ver esta carta inteira e pensando não só que John Lewis é um ícone dos Direitos Civis, mas também que ele foi muito astuto em pensar como esse legado poderia se encaixar no progresso do futuro”, diz Jourgensen. “Aquela carta foi tão sincera e suas palavras estavam tão alinhadas com meus próprios ideais que eu soube imediatamente que queria dedicar uma música a ele. Essa faixa é realmente a espinha dorsal moral deste álbum”.

Outro destaque é a faixa “Believe Me” que saiu de uma jam session com Morrison, Cesar Soto e samples de Liz Walton. A música lembrou a Jourgensen de seus dias no Chicago Trax Studios onde foram gravados os primeiros registros do MINISTRY. “’Believe Me’ tinha uma vibe tão antiga que eu queria trazer de volta os vocais old school... É engraçado como as coisas voltam para você”, diz Jourgensen, também refletindo sobre o MINISTRY estar comemorando seu 40º aniversário em 2021.

Com o lançamento de Moral Hygiene, Jourgensen está mais positivo do que antes. “Isto pode parecer loucura, mas estou mais esperançoso em 2021 do que em pelo menos duas décadas”, ele diz, “porque eu vejo as coisas mudando; as pessoas estão começando a ver através de toda a besteira e querem voltar ao decoro real na sociedade. Nós poderíamos apenas tratar bem os outros e ser bem tratados em troca. Eu nunca pensei que o Ministry estaria na posição de pregar os valores tradicionais, mas isto é ser rebelde agora”.

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Um lançamento da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast.

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